Chile tem debate áspero antes do segundo turno presidencial
O ex-presidente Sebastián Piñera e o candidato governista Alejandro Guillier trocaram acusações e críticas na segunda-feira, no último e áspero debate na televisão, a menos de uma semana do segundo turno da eleição presidencial chilena.
No primeiro turno em novembro, Piñera recebeu 36% dos votos, contra 22% de Guillier. Os dois almejam suceder a presidente Michelle Bachelet.
Alejandro (Guillier) foi senador por quatro anos e um jornalista de destaque, mas coloco em dúvida que tenha a experiência, a equipe e o programa para tirar o Chile da estagnação e frustração que estamos hoje em dia", afirmou Piñera, um empresário milionário de 64 anos que foi o primeiro presidente de direita a governar o Chile (2010-2014) após 50 anos.
"Eu penso que ele (Piñera) foi presidente do Chile e não fez as coisas que agora anuncia, as prometeu mas muitas delas fracassaram," respondeu Guillier, senador e veterano jornalista de 64 anos.
No debate de duas horas, os candidatos falaram sobre educação, saúde, economia, migração e relações internacionais para tentar convencer os eleitores chilenos. As pesquisas apontam que o resultado do segundo turno será apertado.
"Não prometo o paraíso, mas prometo que o Chile vai crescer com força", afirmou Piñera.
"É importante que o país tenha consciência do que se vota no próximo domingo: e são duas visões", respondeu Guillier.
No Chile, o voto não é obrigatório. No primeiro turno de novembro, o comparecimento às urnas foi de quase metade dos mais de 14 milhões de eleitores.
O primeiro momento de tensão no debate aconteceu quando os candidatos abordaram a gratuidade no ensino superior, uma medida aprovada pela presidente Bachelet que foi questionada por Piñera, mas que ele incluiu entre suas propostas depois que registrou uma votação menor que a esperada no primeiro turno.
"Ele (Piñera) foi mudando seu discurso. No começo era contra a gratuidade", recordou Guillier.
Piñera afirmou que sua candidatura é a única opção de crescimento econômico para o Chile, que sai de um período de desaceleração econômica e vai crescer quase 1,4% em 2017 - menor índice em oito anos -, ao mesmo tempo que acusou Guillier de representar um governo que "paralisou a economia e perdeu capacidade de criar empregos".
Também acusou o programa Guillier de apresentar um programa de governo que não é financiável.
No tema migração e chegada de estrangeiros, que nos últimos três anos superaram meio milhão de pessoas, Piñera disse que estabelecerá uma "fiscalização maior" sobre os que entram no Chile, enquanto Guillier afirmou que seu governo buscará "leis de reciprocidade" com os países.