Como a traição de Confúcio pode tirar Raupp do cenário político e prejudicar Maurão

23 de agosto de 2018 350

Se alguém tinha dúvidas sobre a estratégia do ex-governador Confúcio Moura em eliminar Valdir Raupp da vida pública, a pesquisa Ibope divulgada pela TV Globo na última quarta-feira, acabou com elas. Confúcio sabia disso desde o começo, tanto que durante todo o ano de 2017 mentiu para Raupp afirmando que não seria candidato a nada em 2018. Até fevereiro deste ano o senador acreditava em seu companheiro de chapa, e eis que em fevereiro, em uma entrevista a um site de Ariquemes, Confúcio confirmou que seria candidato ao Senado.

A notícia caiu como uma bomba para Raupp, que tentava contornar a situação e ao mesmo tempo costurava a candidatura de Maurão de Carvalho ao governo. Curioso é que foi Confúcio quem “deu corda” para que Maurão se filiasse ao MDB, garantindo que ele seria candidato da legenda ao governo, mas pelas costas dizia que o presidente da Assembleia “não tinha perfil de governador” e defendia a candidatura de Vagner Freitas abertamente, menos na frente de Maurão.

Experiente, Raupp sabia que o MDB lançando dois candidatos ao Senado as chances dele ser eleito eram menores, afinal ele sofreu o desgaste de ter sido denunciado na Operação Lava Jato (e depois viu a PF o inocentando, mas o estrago já havia sido feito) e Confúcio havia recém deixado o governo, portanto um nome recente na cabeça dos rondonienses. O senador então tinha duas alternativas, fomentava novas candidaturas, afinal um cenário com vários candidatos com poucos votos, esvazia as grandes ou tirava Confúcio da jogada. Mas Raupp não contava com o jogo sujo feito pelo seu “companheiro de chapa”. Ao perceber que seria rifado do processo, Confúcio tratou de organizar sua tropa. Encheram ônibus com “correligionários de aluguel”, promoveram quebra-quebra na convenção e escalou seu faz-tudo, Emerson Castro para desviar as atenções com provocações chulas contra o veterano do MDB, Tomás Correia, que, nordestino e de sangue quente, não deixou barato e enfiou a mão na cara de Emerson diante de centenas de testemunhas.

Ao mesmo tempo, nos bastidores da convenção, conversas estranhas sobre gravações clandestinas de conversas pouco republicanas circulavam. Fato é que, minutos após o “cola brinco” dado por Tomás Correia, a executiva do MDB aparece de mãos dadas, com sorrisos amarelos anunciando a “chapa da União”, tendo Confúcio e Raupp como candidatos ao senado e Maurão de Carvalho ao governo.

Depois disso, o que restou do MDB é o que está sendo mostrado pela primeira pesquisa Ibope. Confúcio em primeiro, seguido por Fátima Cleide, do PT em segundo e atrás Valdir Raupp, cuja tendência é continuar em escala descendente.

Paralelo ao calvário político de Raupp, Maurão de Carvalho também está sendo afetado, de acordo com os números apresentados pelo Ibope. O deputado está herdando toda a rejeição de Confúcio Moura ao colar sua imagem a do ex-governador. Confúcio não descola de Maurão nem por um segundo, o que vem complicando a candidatura do parlamentar.

Impugnação e o milagre

Nesta altura do campeonato Raupp se agarra à possibilidade de Fátima ter a candidatura impugnada à pedido do PDT. As chances disso ocorrer são de 50/50, e o que pode dar uma vantagem ao PDT é o fato da situação de Fátima interferir em outras candidaturas. Fosse só uma questão interna do PT, dificilmente o TRE se envolveria, a Corte prefere deixar as questões partidárias a cargo dos partidos.

Fátima Cleide tem uma vantagem sobre Raupp e Confúcio, ela ficou oito anos em Brasília e nunca se envolveu em nenhum tipo de ilegalidade. Teve um mandato limpo, com uma agenda clara e em uma eleição onde grande parte do eleitorado quer políticos com a “ficha limpa”, ela tende a ter uma performance melhor que seus adversários. O eleitor quer mudança e adotou essa temática como palavra de ordem nas eleições deste ano. Confúcio, apesar de estar na liderança, segundo o Ibope, ainda tem muito que explicar à população de Rondônia, e dois pontos vem incomodando profundamente quem vive por aqui, a famigerada dívida do Beron e a criação de 11 áreas de reservas ambientais por Confúcio Moura no final de seu governo, principalmente em regiões que já são habitadas há décadas.

assembleia Legislativa e o governador Daniel Pereira trabalham para tentar reverter à situação criada por Confúcio. Agora quem está tendo problemas mesmo é Maurão de Carvalho, que precisa explicar onde chega, a presença de Confúcio, o ambientalista. Deve ser por isso que o deputado está empatado tecnicamente com Acir Gurgacz.

Sobre a pesquisa ao Senado citada no artigo:

Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos

Quem foi ouvido: 812 eleitores do estado

Quando a pesquisa foi feita: 16 a 21 de agosto

Registro no TRE: RO-03015/2018

Registro no TSE: BR-09340/2018

O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro.

0% significa que o candidato não atingiu 1%. Traço significa que o candidato não foi citado por nenhum entrevistado.

Sobre a pesquisa ao governo citada no artigo:

Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos

Quem foi ouvido: 812 eleitores no estado

Quando a pesquisa foi feita: 16 a 21 de agosto

Registro no TRE: RO-03015/2018

Registro no TSE: BR-09340/2019

O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro.

0% significa que o candidato não atingiu 1%. Traço significa que o candidato não foi citado por nenhum entrevistado