Delator Diz Que Cabral Pagava ‘Mesadas’ De Até R$ 100 Mil Para Ex-Mulher, Pais, Irmã E Filhos

19 de dezembro de 2017 357

Carlos Miranda, ex-assessor de Sérgio Cabral e que se tornou delator assumindo ser o operador do esquema criminoso denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), afirmou em interrogatório nesta segunda-feira (18) que Cabral recebia propina desde o tempo em que era senador. Ele afirmou que, com recursos de propina, o ex-governador pagava ‘mesadas’ de até R$ 100 mil para os pais, a irmã, e filhos.

“Para os pais de R$ 100 mil. Para a irmã de R$ 25 mil, Claudia Cabral. Para os filhos também: R$ 10 mil para o mais velho e R$ 5 mil para o mais novo. Isso tudo no final, 2014”, disse Miranda, sobre as mesadas.

O juiz Marcelo Bretas questionou qual dos filhos do ex-governador eram beneficiários das “mesadas”, mas fez uma ressalva. Ele lembrou que o nome do deputado federal Marco Antonio Cabral (OMDB) não deveria, eventualmente, ser incluído já que ele tem foro e a investigação não caberia a Bretas. Miranda acabou não dizendo qualquer nome.

Segundo o delator, a ex-mulher do ex-governador, Susana Neves, também chegou a receber R$ 100 mil.

“O Sérgio Cabral que combinou com a Susana de mandar para ela um valor mensal. Era entregue para a Susana regularmente, de R$ 100 mil. A mando do Sérgio. (Uma) Mesada, auxílio financeiro. Era um compromisso pessoal do Sérgio. (Ela) Não tinha conhecimento nenhum (de que era fruto da propina)”, afirmou Miranda.

O depoimento foi prestado em uma denúncia que aponta lavagem de dinheiro de R$ 1,7 milhão através de contratos com a FW Engenharia. Outro beneficiário teria sido Maurício Cabral, irmão do ex-governador.

Segundo Miranda, Susana Neves foi incluída neste esquema sem saber a origem do recurso e porque a empresa vinha encontrando dificuldades para conseguir lavar os valores.

“Ela só entra aí porque o Flávio, conversando comigo de uma parte de legalizar o recurso já que grande parte era de dinheiro, pensou numa firma ligada ao Flávio”.