Deputados ampliam gastos com propaganda. E você paga

8 de agosto de 2022 220

De olho no início da campanha eleitoral, deputados federais que buscam se reeleger deram um upgrade na autopromoção bancada com dinheiro público.

Um levantamento feito pela coluna mostra que os parlamentares gastaram nada menos que R$ 31,5 milhões com despesas relacionadas à divulgação de seus mandatos entre janeiro e junho deste ano.

A cifra é 14% maior do que a registrada com despesas similares no mesmo período do ano passado.

O aumento dos gastos no primeiro semestre de 2022 tem relação com o calendário eleitoral. Em ano de eleição, os parlamentares não podem usar verba pública para propagandear seus mandatos nos quatro meses que antecedem o pleito.

Entre os serviços contratados pelos deputados federais com a verba destinada a seus gabinetes estão inserções em rádio e TV, impulsionamento de postagens nas redes sociais, outdoors e até os tradicionais panfletos.

Com a impressão de panfletos, quem mais gastou recursos da cota parlamentar no primeiro semestre deste ano foi o deputado Glaustin da Fokus, do PSC de Goiás. Foram R$ 110 mil na produção de 350 mil folders para “prestação de contas de emendas”.

Congressistas que se elegeram na onda do bolsonarismo, marcada pela campanha ostensiva nas plataformas digitais, também se renderam à velha panfletagem. É o caso, por exemplo, do deputado Hélio Lopes, do PL do Rio de Janeiro, um dos aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro.

Conhecido como Hélio Negão, ele gastou R$ 96 mil no mês de maio para produzir 197 mil folders para divulgar as ações de seu primeiro mandato. O volume de panfletos é quase cinco vezes maior do que o que ele contratou em anos anteriores.

Desta vez, Helio Lopes decidiu contratar uma gráfica em Brasília cujo dono já foi preso acusado de integrar uma quadrilha que fraudava certidões de cartório para obter vantagens em empréstimos bancários.

O também bolsonarista Bibo Nunes, do PL do Rio Grande do Sul, gastou R$ 75,5 mil para rodar 50 mil exemplares de uma revista com propaganda de suas ações para os gaúchos.

Já José Nelto, do PP de Goiás, o quarto deputado que mais gastou com divulgação de atividade parlamentar, despendeu R$ 55 mil de dinheiro público para rodar seu próprio jornal.

Entre os líderes da gastança da cota parlamentar com autopromoção aparecem ainda a deputada Jéssica Sales, do MDB do Acre, com R$ 213,5 mil, e Bilac Pinto, do União Brasil de Minas, com R$ 210 mil. Ao apresentar suas prestações de contas à Câmara, os dois justificaram o gasto da maior parte dos recursos com notas de pagamento por inserções publicitárias em rádio, sites e nas redes sociais.

Já o deputado Weliton Prado, do Pros de Minas Gerais, declarou que gastou a maior parte dos R$ 166,9 mil comprando espaços de propaganda nos intervalos de programas populares de um canal de TV local.

Pelo regimento interno da Câmara, cada um dos 513 deputados tem direito a uma cota parlamentar mensal que varia de R$ 30 mil a R$ 45 mil, dependendo do estado de origem, para custear as atividades de mandato, como passagens aéreas, hospedagens e alimentação. O gasto excedente de um mês pode ser compensado por despesas menores nos meses seguintes.

Fonte: METRÓPOLES/FÁBIO LEITE