Editorial – Adeus e letargia dos deputados estaduais de Rondônia

21 de outubro de 2017 685

Porto Velho, RO – Há uma insidiosa letargia pairando sobre grande parte da atual composição da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO). Dos 24 deputados, pouquíssimos já estão com a lama acima da canela visando 2018 – seja lá quais forem suas pretensões.

Outros, que pensam política da forma antiquada de outrora, aguardam intervenção divina para alcançar a reeleição ou mesmo alçar voos mais altos, já que diuturnamente apáticos e sem participação efetiva no xadrez eletivo.

 

Sem fazer juízo de valor sobre alterações positivas e/ou negativas no atual panorama político-social rondoniense, a realidade é que o cenário destoa da percepção pretérita acerca da vida pública voltada à apreciação do eleitorado.

Gente acostumada, de fato, a dormir Zé Ninguém e acordar mandatária não goza mais do privilégio da dinheirama derramada sem fiscalização; do apadrinhamento de caciques que contagiavam nanicos com seu poderio popular e agora, principalmente agora, muito menos com adesões espontâneas.

Isso porque parcela significativa da população está cansada – e com razão – de observar os carreiristas a se perpetuar eternamente no Poder sem prestar a devida contrapartida, isso quando não participam da rapinagem institucional aos cofres públicos.

Os parlamentares regionais que compreenderam isso e internalizaram o vislumbre do que está por vir resolveram se mexer. Os eleitos pelo interior excursionam na miúda e sem grande alarde pelos seus redutos como se expusessem outdoors gritando “Eu estou aqui e lembrei de vocês!”.

Leo Moraes (PTB), conhecido como garoto prodígio por sua performance nas eleições do ano passado em Porto Velho, usa a inteligência não só para fazer marketing pessoal, mas também no intuito de encorpar ainda mais futura pré-candidatura já rechonchuda e em franca dieta de engorda, não importando o cargo pleiteado. O petebista, que deve debandar para mandar no PPS, é só um exemplo de quem não aguarda o milagre à varanda de casa.

Como não pretende regressar à Casa de Leis onde atua, eis de antemão uma vacância. O presidente Maurão de Carvalho (PMDB), se concretizada candidatura ao Governo de Rondônia, deixará outra vaga de mão beijada a quem quer que seja.

O ex-presidente da ALE/RO Hermínio Coelho (PDT) também pensa em rumar para Brasília, visando uma das oito cadeiras do Estado na Câmara Federal. Se o pré-candidato Acir Gurgacz, da mesma sigla, apoiar e abraçar o projeto de corpo e alma, o sonho de Hermínio poderá mesmo se tornar realidade. Caso ocorra, mais um espaço escancarado no Legislativo.

Já os aprisionados na câmara criogênica, e acredite, há deputado cujo cidadão não sabe nem o nome e muito menos de onde veio, serão exorcizados pela inexorável lei do mais esperto, munição aos antenados que estão de olho nessa lerdeza. Políticos tão desacelerados, digamos assim, que chega a correr à boca miúda: seus gabinetes são considerados problema de Saúde Pública, vez que criadouros de Aedes aegypti, vetor da dengue, do zika vírus, febre amarela e febre Chikungunya. Deixem pelo menos um cartão de boas-vindas aos novatos.