Efeito Lula. Remessa ao exterior passa de US$ 1 bi e bate recorde

24 de agosto de 2018 686

Com a disparada no número de brasileiros que vão morar e estudar no exterior, as remessas de dinheiro do Brasil a outros países ultrapassaram US$ 1 bilhão (R$ 4 bilhões) no primeiro semestre deste ano.

Trata-se do maior volume para o período da série histórica do Banco Central, iniciada em 1995.

O movimento, causado pelo medo da violência, falta de perspectiva econômica e sensação de instabilidade pelo cenário indefinido da eleição presidencial, vem se intensificando desde o ano passado.

Segundo imobiliárias, corretoras de câmbio e empresas de remessas, o salto mostra que os recursos estão sendo usados não apenas para a manutenção de imigrantes e estudantes mas também para ajudar na compra de casas ou mesmo para abertura de pequenos negócios.

De acordo com o BC, não há limite para o envio de dinheiro a outros países por pessoas físicas, mas os próprios bancos e as empresas de remessas tendem a pedir explicações da origem dos recursos se o volume for muito elevado ou incondizente com renda ou bens.

A Receita também monitora essas transações.

Um detalhe que chama a atenção é que houve queda pela metade no envio de recursos para os Estados Unidos, que costumam ser o principal destino dessas transações. O resultado seria consequência da valorização do dólar em relação ao real.

Portugal e Canadá aparecem como os campeões no crescimento das remessas, com altas de 230% e 228,4%, nessa ordem, nos valores enviados em relação ao mesmo período de 2017.

Não por acaso, entre março de 2016 e outubro do ano passado houve uma alta de 222% no número de brasileiros que possuem o "Golden Visa" português, segundo dado divulgado pela consultoria imobiliária inglesa Athena Advisers.

Esse é um tipo de visto de residência permanente concedido, por exemplo, a compradores de imóveis acima de € 500 mil (R$ 2,3 milhões).

"Há dois anos, o movimento era mais de aposentados. Agora, são famílias com filhos pequenos, pessoas que estão abrindo lojas e negócios", diz Guilherme Grossman, sócio da imobiliária Consultan, criada no Rio de Janeiro e que atua em Portugal há 30 anos.

"O motivo é a insegurança, a violência, a sensação de que não têm perspectiva no Brasil", diz.