Enem: entenda o cálculo da nota pela Teoria de Resposta ao Item (TRI)
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é diferente dos demais métodos tradicionais, nos quais cada questão tem uma pontuação fixa - (crédito: Alexandre Campbell)
Além da grande quantidade de conteúdo que os estudantes precisam dominar, compreender como funciona o método avaliativo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também pode ajudar no bom desempenho na prova. A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é diferente dos demais métodos tradicionais, nos quais cada questão tem uma pontuação fixa.
O pesquisador tecnologista do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Alexandre Jaloto explica que o método permite que o exame consiga garantir a comparabilidade e a isonomia entre as provas em diversas aplicações. "Novas aplicações podem ser necessárias em caso de enchentes ou queda de energia, por exemplo. Teve ano que o Enem teve três aplicações diferentes", lembra o pesquisador.
Jaloto destaca que o conhecimento não pode ser medido diretamente, como no caso da altura de uma pessoa, por exemplo. O Enem tem sua própria régua para medir o conhecimento, que é usada igualmente na prova de todos os concorrentes. "Se o estudante vai errando as questões mais fáceis e acerta uma de nível mais alto, o programa não vai dar a mesma nota que ele obteria caso tivesse acertado as mais básicas. Isso explica candidatos terem notas diferentes, mesmo acertando a mesma quantidade de questões", detalha.
Alexandre Jaloto, no entanto, frisa que uma questão em branco vale o mesmo que uma resposta errada. Por isso, o pesquisador desaconselha deixar itens em branco no Enem.
Dicas
O professor de matemática do Colégio Sigma Paulo Luiz Ramos reforça que a TRI leva em conta outros parâmetros na avaliação do desempenho do estudante. "Se você acertar uma questão difícil, mas errar outras mais fáceis, isso já influencia na pontuação. Para ir bem na prova, é aconselhado que o estudante acerte todas as questões de níveis fácil e médio. Com esse método avaliativo, é possível que dois candidatos acertem a mesma quantidade de questões e obtenham notas com 100 pontos de diferença", exemplifica o docente.
Em Brasília, os estudantes costumam se preparar, além do Enem, para vestibulares e para o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB), que usam uma forma diferente de avaliação de desempenho. Nas provas locais, um item errado pelo candidato anula um certo. Deixar algumas questões em branco pode impedir a diminuição da nota final.
No caso do Enem, o professor Paulo Luiz dá uma dica importante. "Não vale a pena gastar tempo com questões difíceis. Não está sabendo resolver? Pula. No fim da prova, o candidato volta e tenta resolver. Se conseguir fazer, ótimo. Se não, chuta. Com a TRI, não faz diferença se o item está errado ou em branco. Com o chute, ainda há a possibilidade de acertar", sugere.
Como a recomendação é acertar as questões mais simples, o professor indica que os participantes reforcem os estudos em matérias básicas, como porcentagem, proporção, estatística e geometria — no caso da prova de matemática. "É bom, também, treinar os cálculos por conta própria, já que o exame não disponibiliza calculadoras para os candidatos, como nas provas da UnB", completa.
Estratégias
Dominar o conteúdo da prova é fundamental. No entanto, saber como funciona o método avaliativo também pode ajudar a obter notas mais altas no Enem. O estudante do terceiro ano do Colégio Sigma Pedro Veiga da Silva Andrade, 18 anos, é afiado quando o assunto é a Teoria de Resposta ao Item. "Tem que ter uma boa base para fazer o Enem. As questões não têm o mesmo valor. As mais fáceis servem de referência para o algoritmo saber sobre o conhecimento do aluno, as médias aprofundam, e as difíceis estabelecem um parâmetro mais alto", detalha.
Ele conta que o Sigma investe em frentes revisionais para ajudar os alunos a lidar melhor com as provas do exame. "A gente aprende a lógica por trás da TRI e, sabendo dessa lógica, a gente usa as ferramentas para ter boas notas", enfatiza. Seguindo o conselho dado pelo professor Paulo Luiz, Pedro já entendeu o melhor caminho para o sucesso no exame. "As questões fáceis do Enem têm muito valor. Se o aluno acertar bem essas, o Enem vai entender que ele tem uma boa base", observa o estudante, que pretende cursar engenharia aeroespacial na UnB.
Anna Júlia Leão Oliveira, 17, quer conquistar uma vaga em medicina. Para ela, o segredo é fortalecer os conhecimentos em conteúdos básicos. "Em matemática, por exemplo, tenho focado em questões de porcentagem, proporção e análise de gráficos, que são as consideradas mais fáceis", observa.
Para reforçar conteúdos, uma das saídas de Anna Júlia é se exercitar fazendo provas das edições anteriores do Enem. "Tenho feito muitas provas antigas para entender a pegada do Enem. Redação eu faço pelo menos uma vez por semana, além de fazer pesquisas para aumentar o meu repertório de conhecimentos. Até mesmo provas de outros processos seletivos têm me ajudado a me preparar para o Enem", conclui.
Provas
O exame será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia, o candidato tem 5 horas e 30 minutos para resolver 90 questões nas áreas de linguagens e ciências humanas e elaborar uma redação dissertativo-argumentativa. No dia 12, tem mais 90 questões, nas áreas de matemática e ciências da natureza, dentro de 5 horas.
No país, são mais de 3,9 milhões inscritos. No Distrito Federal, são 73 mil pessoas. O Enem é a principal porta de entrada para acesso ao ensino superior no Brasil. A nota é utilizada por instituições de ensino públicas e particulares.