Fim de ano consolidará recuperação econômica de hotéis, bares e restaurantes do DF

17 de outubro de 2021 142

Com a aproximação das comemorações de fim de ano, os setores que compõem parte do atendimento turístico no Distrito Federal começam a se movimentar. A capital conta com 346 hotéis e cerca de 9 mil bares e restaurantes, que pensam em estratégias e promoções para atrair clientes e melhorar a arrecadação. O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) estima que, com o impulso, as vendas devem aumentar cerca de 20%, quando comparado aos R$ 1,6 bilhão arrecadados no último mês de 2020, o que deve consolidar a recuperação econômica do setor, que teve início no meio do ano, de acordo com o presidente do sindicato, Jael da Silva.

“O fim de ano sempre anima. E, neste dezembro, com a vacinação avançada e a flexibilização de algumas restrições que tínhamos ano passado, esperamos voltar a patamares de antes da pandemia”, diz. Ele explica que o turismo do DF tem como alvo corporações e famílias. “Visamos pessoas que não querem ficar em casa ou vêm visitar alguém e se hospedam nos hotéis. Aqueles que oferecem festas ou queima de fogos próprias, por exemplo, costumam atrair um bom público também”, completa,

O GDF ainda não definiu se haverá comemorações públicas. O oferecimento de comemorações particulares é uma aposta do hotel Royal Tulip. Aryanne Borges Bretas, 43 anos, gerente comercial da rede, afirma que a expectativa de fluxo durante o fim deste ano é alta e considera o avanço da vacinação contra a covid-19. “Mesmo antes da vacinação, percebíamos que as pessoas queriam sair e relaxar em um espaço aberto, mesmo que fosse durante dois dias. Agora, com a imunização, os clientes devem estar mais seguros”, diz. Com pacotes especiais, principalmente para o réveillon, Aryanne comenta que as vendas já começaram.

Confraternizações
Para os bares e restaurantes, a aposta é na movimentação de confraternizações. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF (Abrasel-DF), João Alberto Pinheiro, afirma que o setor espera uma demanda de clientes maior que a do ano passado. “Ainda vivemos um movimento atípico com a pandemia, e a orientação do sindicato é que todos sigam as regras estabelecidas pelo GDF”, detalha. Segundo ele, a vacinação contra a covid-19 deve alavancar a movimentação. “Sentimos que as pessoas estão mais seguras, e a expectativa é que a arrecadação seja melhor que ano passado. Falar em números seria um chute, mas com certeza deve ser melhor”, complementa.

O otimismo de João Alberto é compartilhado por Samila Tavares, 33, gerente de um restaurante no Lago Norte. O local espera uma movimentação maior que o registrado em 2019, antes da pandemia. “Costumávamos ter de 22 a 28 reservas em dezembro. Este ano, como ampliamos o local, esperamos ultrapassar esses valores”, diz. Samila afirma que o planejamento do restaurante inclui a venda de pacotes para encontros de famílias ou corporações. “Este ano, incluímos brindes, decoração e menu para atrair os clientes”, conta.

André Phelipe Peixoto, 32, é dono de um bistrô na Asa Norte. Ano passado, ele ofereceu os serviços apenas na categoria delivery. “Foi muito bom. Acredito que, como a pandemia ainda estava no auge, muitas pessoas ficaram em casa e pediram a ceia de Natal ou de Ano Novo por delivery. Por isso, nossos resultados foram satisfatórios”, comenta. Por isso, em 2021, ele vai focar no delivery. “Vamos ver como será, mas acredito que é um mercado que ainda estará forte”, afirma.

A empresária digital Amanda Azevedo, 24, pretende recorrer a um estabelecimento do DF para passar o ano novo. “Vimos outras opções, mas estavam caras. Então, provavelmente estaremos em algum restaurante próximo de casa”, diz.

Expectativa
A secretaria de Turismo, em nota, informa que trabalha de forma integrada com outras secretarias do GDF no estudo de possíveis projetos e ações para o fim de ano. “Acreditamos na retomada da economia, com o avanço do calendário de vacinação e o pós-pandemia, o que pode contribuir para iniciativas bem-sucedidas. Trabalhamos para posicionar Brasília como a principal capital do turismo brasileiro”, destaca o texto.

Para o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia Carlos Eduardo de Freitas, a recuperação da economia vai se estabelecer com as festas de fim de ano. “Já estamos em recuperação e ela vai apenas se fortificar. Porém, é importante destacar que haverá o crescimento expressivo, mas a base de comparação (2020) é muito baixa”, diz. Para ele, é preciso, agora, focar em 2022. “O próximo ano vai definir bastante o andamento da economia brasileira como um todo”, comenta.

Carlos afirma que os empresários e economistas devem estar atentos, além da pandemia, a questões como crise hídrica e inflação. “Esperamos que os efeitos da pandemia estejam se esvaindo. A tendência é que haja uma anulação da inércia da inflação e a economia deve crescer um pouco mais. Então, vamos começar a conversar sobre a real situação da economia do país de forma geral”, complementa.


Arrecadação

Confira a arrecadação anual, em valores aproximados, para o setor de hotéis, bares e restaurantes
2019 — R$ 2 bilhões
2020 — R$ 1,6 bilhão
*2021 — R$ 1,9 bilhão
*Os dados de 2021 são projeções Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar)

Palavra de especialista

Cuidados permanentes

“Estamos a alguns meses das comemorações de fim de ano, então não sabemos como estará a situação da transmissão da covid-19 até lá, mas esperamos que tenhamos mais de 75% das pessoas vacinadas com pelo menos uma dose. Isso dá uma segurança mínima. No entanto, o importante é que com certeza haverá transmissão do vírus.

Por isso, o mais prudente seria não haver grandes aglomerações. As pessoas precisam evitar locais fechados, manter o uso de máscaras em qualquer lugar e se vacinar com as doses que têm direito. É importante completar o ciclo vacinal para uma proteção comunitária. Porém, reforço, mesmo os vacinados se contaminam e transmitem a doença. A vacina evita casos graves e internação. Cautela nunca é demais.”

Dalcy Albuquerque, infectologista

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE/Samara Schiwngel