Guedes ainda quer responsabilizar ex-governadores e Tribunais de Contas por “rombos” nos Estados; Marcos Rocha já deu o tom da conversa sobre Rondônia
Há quase quatro meses, O Globo revelou as intenções da equipe econômica do governo federal em promover a caça às bruxas da desordem financeira
Porto Velho, RO – No início de abril, declarações do atual governador Coronel Marcos Rocha (PSL) ao programa Papo de Redação, veiculado pela SIC TV, afiliada da Rede Record em Rondônia, gerou resposta quase imediata do antecessor Daniel Pereira (PSB).
Por pura desatenção, ou mero desconhecimento, que seja, o pano de fundo do imbróglio passou despercebido.
No dia 16 de janeiro, reportagem de “O Globo” assinada pela jornalista Gabriela Valente já antecipava a contenda entre atual gestor e ex-chefe do Executivo.
À ocasião, de acordo com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), o todo-poderoso Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro, correligionário de Rocha, é bom lembrar, prometeu uma verdadeira caça às bruxas patrocinada especialmente contra ex-governadores e Tribunais de Contas estaduais.
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A troca de farpas pública apenas denunciou o tom da conversa e o papel de Marcos Rocha quanto ao processo capitaneado pelo governo federal a fim de buscar responsáveis diretos pela bancarrota vivenciada pelo combalido caixa rondoniense.
Aliás, a administração liberal deixou claro no evento sobre os 100 primeiros dias de gestão que o déficit orçamentário impera em áreas essenciais:
De acordo com o governador, faltavam até aquele momento “por ausência de previsão orçamentária”, R$ 120 milhões na saúde; R$ 100 milhões na segurança, e pesava para o Executivo regional, ainda, o pagamento da dívida do Beron com valor de R$ 17 milhões mensais, totalizando, pasme o (a) leitor (a), um déficit de R$ 400 milhões.
Daniel, a primeira bruxa de Salém enforcada em praça pública com base em superstições e credulidade, respondeu às investidas, asseverando, entre outros pontos, que:
“Além do estranho desinteresse do atual mandatário estadual quanto ao orçamento de 2019, é de conhecimento de todos que ele somente veio nomear seus secretários no dia 04 de janeiro/2019, deixando o Estado totalmente acéfalo durante três dias, pois sequer se encontrava em Rondônia, em situação inusitada”.
Não estamos em 1692 nem moramos em Massachusetts, mas, sim, há certo obscurantismo travado nos bastidores, só que pelos carrascos, não pelas bruxas – e são desses rituais realizados sob as sombras do Poder é que devemos ter medo.
Guedes mantém a intenção de expor politicamente as cabeças de ex-governadores e presidentes de Tribunais de Contas Brasil afora.
O que incomoda, na realidade, é não compreender o porquê da necessidade em apresentar um responsável imediato, no caso de Rondônia, deixando de fora, por exemplo, o ex-governador Confúcio Moura, do MDB, e também o presidente do Tribunal de Contas (TCE/RO) Edilson de Sousa Silva.
O ministro da Economia pretende credenciar a Confúcio o “rombo” milionário do IPERON, aquele que passou direto por Daniel Pereira para cair no colo de Marcos Rocha?
RELEMBRE
E Edilson de Sousa Silva, que conhece melhor do qualquer outro agente público a realidade financeira de Rondônia, pode ser responsabilizado mesmo após reunir ainda em 2018 todos os candidatos na sede do TCE/RO para escancarar dados axiomáticos e alertar os postulantes a respeito das esfalfadas contas do Estado?
E AINDA
Em relação a essa passividade e sobre as execuções sumárias das nossas Bruxas de Salém, fico com Sartre:
“Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos”.
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POR: VINICIUS CANOVA