Há seis anos, funcionário da Energisa expôs supostos crimes cometidos pela empresa na Paraíba: CPI em Rondônia tem obrigação de convocá-lo para depor

1 de outubro de 2019 653

Sidney Sandrinni se rebelou contra a empregadora e montou um dossiê demonstrando a fraude da Energisa montada em residências para pintar falso panorama de furto de energia

Há seis anos, funcionário da Energisa expôs supostos crimes cometidos pela empresa na Paraíba: CPI em Rondônia tem obrigação de convocá-lo para depor

Porto Velho, RO – Quem é Sidney Sandrinni Miranda de Queiroz? Em Rondônia, não conhecemos o nome, mas, garanto, ele pode ser imprescindível à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a Energisa no estado.

Portanto, peço atenção especial aos deputados Alex Redano (PRB) e Jair Montes (Avante), respectivamente presidente e relator do expediente.

Há seis anos, Sandrinni montou um dossiê na Paraíba demonstrando de maneira cabal supostos crimes cometidos pela empresa naquele estado.

Em um de seus vídeos veiculados no canal que leva seu nome no YouTube, ele esviscera métodos eventualmente espúrios praticados contra os consumidores, incluindo clientes pobres, quase miseráveis, revelando, principalmente, como funcionava o hipotético esquema do “fio preto”.

À 'Visão Periférica', ele resumiu como funcionava o engendramento malicioso:

"[o fio preto é] Uma das práticas utilizadas por alguns funcionários (determinados pela gestão) para imputar fraude ou desvio de energia por consumidores. E daí, gerar uma cobrança administrativa, por parte dessa organização, para esses consumidores autuados no momento da inspeção (in loco)", resumiu reiterando a denúncia apresentada à ocasião. 

VEJA

 

A narrativa colocada à mostra num contexto de prestação de serviços à sociedade assusta pelos adornos mafiosos anotados pelo trabalhador que, por sua vez, colocou a mão na massa a fim de exemplificar a gatunice.

E se o (a) leitor (a) compreende os termos “mafiosos” e “gatunice” como exageros retóricos, busquemos lá atrás, justamente em 2013, o respaldo necessário para aplicá-los à realidade rondoniense temendo, talvez tarde demais, a reprodução dessa maldade corporativa conosco.

E AINDA


Em 2013, TV Tambaú, afiliada do SBT na Paraíba, exibe reportegem onde Sidney Sandrinni demonstra o suposto esquema do "fio preto"

 

Em abril daquele ano, o G1 da Paraíba veiculou matéria intitulada “MP investiga denúncia de fraude de concessionária de energia da Paraíba”.

A reportagem delineou as consequências do dossiê montado por Sidney Sandrinni no Legislativo paraibano.

Dois trechos no texto são de suma importância para a compreensão do todo. O primeiro deles destrincha como o hoje ex-funcionário compôs o quadro escabroso relatando que equipes da concessionária eram obrigadas a bater metas estabelecidas pela Energisa. Quem se recusava, mantinha-se deficitário na questão referente à produtividade, distanciava-se dos colegas de trabalho e, como consequência, findava demitido.

Há também as declarações de Dráuzio Rodrigues, à época coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários da Paraíba (STIU-PB).

Ele denunciou o processo da “Máfia dos Gatos”, deixando claro que mais de 20 equipes “tinham como meta fazer cerca de 35 termos de desvio por mês.


Matéria veiculada pelo G1 da Paraíba em 2013 / Reprodução-Captura de tela

 

São situações complexas, porém preocupantes, que devem ser analisadas pela CPI de Rondônia instituída para averiguar eventuais irregularidades praticadas pela Energisa regionalmente. É preciso colocar Sidney na mesa das diligências para que o ex-colaborador conte tudo o que sabe, levando em conta, ainda, os índices assustadores de “gatos” apontados pela concessionária nestas terras de Rondon.

Pergunto: os consumidores são realmente criminosos em termos exponenciais? Estamos diante de um déjà–vu? Ou trata-se apenas de mórbida coincidência?

VISÃO PERIFÉRICA

POR: VINICIUS CANOVA