Negócio com deputado do PL surge em apreensão da PF no caso Banco Master

2 de dezembro de 2025 20

247 - A operação da Polícia Federal que apura suspeitas envolvendo o Banco Master levou os investigadores a encontrar, em um dos endereços associados ao empresário Daniel Vorcaro, um envelope que mencionava o deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA). Dentro dele havia documentos relativos a uma negociação imobiliária na Bahia.

As informações foram reveladas pelo jornal O Estado de São Paulo, que teve acesso ao material apreendido. Os agentes ainda não concluíram a análise do conteúdo e, portanto, não há indícios de irregularidade relacionados ao parlamentar ou ao negócio citado.

Bacelar explicou que participou da criação de um fundo destinado à construção de um empreendimento imobiliário em Trancoso, distrito de Porto Seguro (BA). Segundo ele, Vorcaro demonstrou interesse na aquisição de parte desse projeto, motivo pelo qual recebeu a documentação. O deputado afirmou que a transação acabou não avançando. “Ele me fez uma consulta sobre um imóvel em Porto Seguro, que não se concretizou. Quando o banco começou a entrar em dificuldade, ele pediu mais um tempo para poder exercer a opção. Foi feito um documento dando a opção de compra a Daniel Vorcaro”, declarou.

A defesa do dono do Banco Master não se manifestou. Vorcaro deixou o presídio em Guarulhos no sábado (29), após permanecer detido por 11 dias por ordem da primeira instância da Justiça Federal. A libertação ocorreu depois de a desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), reconsiderar sua decisão e revogar as prisões preventivas dos cinco investigados.

O documento referente ao negócio imobiliário passou a ser peça central de uma nova estratégia jurídica de Vorcaro. Na sexta-feira (28), sua defesa ingressou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para transferir toda a investigação para a Corte, argumentando que o caso seria semelhante ao da Operação Overclean — encaminhada ao Supremo após a polícia apreender documentos de transação imobiliária envolvendo um deputado. O requerimento foi distribuído ao ministro Dias Toffoli.

Enquanto isso, a PF sustenta que não há indícios que justifiquem o envio do inquérito ao STF. Os agentes ainda analisam os materiais recolhidos na Operação Compliance Zero, deflagrada no último dia 18. Até o momento, a corporação avalia que o negócio encontrado não guarda relação com o foco principal da investigação: a operação de venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB).

Além dos documentos, foram apreendidos celulares de diversos investigados, que agora passam por perícia. O ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, que estava fora do país quando a operação teve início, entregou voluntariamente seu aparelho à PF na semana passada.

 

Fonte: Guilherme Levorato