O ator, o amigo e a encenação da CPI do Follador — Matilde aplaude de pé (ou quase)
Matilde sempre gostou de teatro. Daqueles bons, com roteiro afiado, personagem bem construído e, principalmente, coerência. O que ela não suporta é teatro ruim — desses encenados nos bastidores da política, onde a plateia é enganada, os figurantes mandam no palco e a verdade… essa não ganha nem papel de fala.
Foi por isso que, ao descobrir que Carlos Santana, conhecido como o homem do teatro em Ariquemes, agora ocupa o cargo de diretor técnico operacional da AMR — a Agência Municipal de Regulação —, Matilde soltou um risinho de canto.
— Opa… o ator saiu da cultura e foi parar na fiscalização da água? Que enredo é esse?
Carlos, o mesmo que colou na prefeitura quando Lucas Follador era vice-prefeito, garantindo seu salário nos bastidores da cultura, agora reaparece em cena. Só que não está nos palcos. Está nos bastidores de uma agência que deveria, por lei, fiscalizar o trabalho da Águas de Ariquemes — justamente a empresa investigada pela CPI.
E quem é o presidente da CPI? Adivinha.
Lucas Follador. O mesmo.
Matilde arregalou os olhos:
— Pera aí. O presidente da CPI tem seu chegado, amigo de confiança, nomeado na agência que deveria ser neutra e técnica? Isso é teatro demais até pra quem gosta de drama.
Na prática, o “homem do teatro” agora tem papel-chave no enredo da CPI. Ele, que deveria estar encenando em outro lugar, virou personagem central numa história onde os fiscais parecem atuar a favor de quem devia ser fiscalizado.
— E o público? — perguntou Matilde ao gato. — Só assiste.
É um espetáculo confuso, onde ninguém sabe mais quem é o protagonista, quem é o vilão e quem está só de figurante. Mas Matilde sabe de uma coisa: quando o roteiro já começa com conflito de interesse, o final nunca surpreende — só decepciona.
No fundo, Ariquemes merecia outra peça. Uma com verdade, transparência e respeito ao público que paga o ingresso mais caro: o povo.
E enquanto a cortina não cai, Matilde escreve.
— Porque, em terra de improviso político, o mínimo que se espera é que alguém ainda tenha coragem de dizer: isso não é arte. É armação.
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