O preço de dar nome aos bois quando o ruminante não furta galinhas

20 de dezembro de 2017 892

Porto Velho, RO – Na republiqueta das bananas tonou-se perigoso dar nome aos bois. Adjetivá-los rigorosamente com suas características mais pulsantes, então, nem se fala: é criminoso, reprovável e acintoso!

Mas não todos.

O risco surge apenas quando cidadãos resolvem expor os ruminantes do colarinho branco, aqueles que, escancaradamente, sem vergonha alguma, destroçaram – e continuam destroçando – a confiança da população. A liberdade de expressão tem preço. E não estou falando de forma figurada. É pancada no bolso geralmente puído dos poucos corajosos que ousam bradar contra os ímpios engravatados.

Até mesmo a atividade jornalística é reiteradamente cerceada com decisões judiciais que, a pretexto de vedar excessos, irrompem a mais pura censura travestida de justiça, retidão e coerência.

E dá-lhe pesadíssimas condenações por danos morais arrebentando principalmente profissionais independentes que atuam por pequenos veículos de comunicação, geralmente enxutos em recursos e aparato, gigantes em pretensões de ofício. São esses colossais Davis estruturais que desbancam e destroçam paulatinamente os minúsculos Golias do caráter, sendo muito mais necessários à sociedade que qualquer palhaço metido a político.

As retaliações, claro, só imperam quando o bicho é de raça, um Nelore, por exemplo.

Animal magricela que produz carne de terceira, desgarrado, destoando da boiada requintada, pode ir para o abate e ser esviscerado sem problemas. Em seguida, para amaciar a nervura, ainda é possível passar os bifes na máquina inúmeras vezes, quiçá moer tudinho.

Assim são tratados os seres humanos que furtam galinhas, com todo o rigor do tribunal inquisidor popular num julgamento extraoficial onde o malhete do Judiciário está cotidianamente quebrado para evitar manifestações desproporcionais, digamos assim.

Quando não houver mais verde no pasto as pessoas irão compreender, tardiamente, o preço da arroba do boi gordo.

VISÃO PERIFÉRICA

POR: VINICIUS CANOVA