Operação na Sedam/RO só surpreendeu a quem não prestou atenção à denúncia do Estadão em 2016, né, Confúcio?

7 de novembro de 2018 782

Operação na Sedam/RO só surpreendeu a quem não prestou atenção à denúncia do Estadão em 2016, né, Confúcio?

Porto Velho, RO – A Operação Pau Oco deflagrada pela Polícia Civil (PC/RO) na última segunda-feira (05) na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam/RO) só surpreendeu a quem, definitivamente, não prestou atenção à seríssima denúncia apresentada na mídia nacional pelo Estadão lá atrás, em julho de 2016. Ou seja, a esculhambação não é de hoje nem a responsabilidade pertence a um único gestor. 

Entre os títulos distribuídos na série de reportagens especiais denominada “Destruição Liberada” há um registro inaugural delineado pelos jornalistas André Borges e Leonencio Nossa designado desse jeitinho, ó: “Servidora demitida autoriza retirada recorde de madeira”.

LEIA
Servidora demitida autoriza retirada recorde de madeira

E o primeiro parágrafo é arrebatador:

“O desmatamento descontrolado que assola a Amazônia não inclui apenas o apoio direto de servidores públicos, em conchavos com madeireiros e grileiros de terra. Em algumas ocasiões, a derrubada da mata também passa pelas mãos de ex-funcionários. O Estado teve acesso exclusivo a documentos que comprovam operações ilegais realizadas pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), para favorecer madeireiros”.

Eis a espinha dorsal do que o próprio Rondônia Dinâmica batizou à época como “Caso Nanci”, conferindo publicidade regional ao assunto e amplificando a informação originária sobre uma verdadeira epopeia às avessas.


Reportagem de 2016 apresentada pelo Estadão expôs a relação pornográfica
entre política de manejo florestal e financiamento de campanha

No dia 5 de dezembro de 2014, com apenas um clique, a Secretaria Ambiental de Rondônia havia liberado uma “autorização de exploração florestal” (Autex) para a derrubada de 17.613 metros cúbicos madeira, em benefício de Paulo Firmino da Silva.

“Era um volume abissal. Em condições normais, essas autorizações costumam envolver quantidades bem menores, algo em torno de 3 mil ou 4 mil metros cúbicos. A retirada de toda aquela madeira, que seria feita em uma única área de “plano de manejo florestal sustentável”, equivalia a enfileirar 880 caminhões abarrotados de toras. Mas o problema não era só a dimensão do pedido, e sim como e por quem foi liberado”, anotam André Borges e Leonencio Nossa.

Os jornalistas deixam claro, em seguida, que a autorização milionária saiu das mãos de Nanci Maria Rodrigues da Silva, ex-secretária da Sedam/RO que, desde o dia anterior, 4 de dezembro, havia sido oficialmente demitida do cargo, com sua exoneração assinada pelo então governador Confúcio Moura (MDB) e publicada no Diário Oficial de Rondônia.

O emedebista, eleito senador nas eleições deste ano, jamais tocou no assunto. No seu blog homônimo é possível encontrar declarações sobre a arte de socar (sim, é isso mesmo!); receita de suquinho verde; dicas para que servidores mantenham seus corpos lindos e maravilhosos e até a proposta mirabolante sobre a construção de uma máquina do tempo, ou teletransporte, como queira.

No entanto, obviamente, não há uma linha sequer sobre a retirada do volume abissal de madeira autorizada por Nanci Rodrigues.

Aliás e por outro lado, no apagar das luzes de seu segundo e último mandato, criou onze novas unidades de reserva florestal via decreto golpeando o setor produtivo e jogando a batata assada no colo da Assembleia Legislativa (ALE/RO), obrigada a revisar o disparate e a postar-se como vilã da história, inimiga do meio ambiente.

E por quê? Porque inúmeras pessoas que se estabeleceram, sobrevivem e produzem há décadas nessas regiões seriam atingidas pela canetada do ex-chefe do Executivo.  

Quando essas nuances vem à tona chega a ser inacreditável e mais do que lamentável perceber a reiterada dissimulação postural típica do novo congressista. Mas esse é um ponto bastante extenso a ser dissecado.

Voltando à Operação Pau Oco...

Mesmo agora e depois de todo esse tempo, a incursão policial na pasta administrativa instalada no Palácio Rio Madeira não poderia ter outro nome.

Por ora, é preciso escavocar bem os ilícitos aventados para chegar, definitivamente, ao capitão da alegada organização criminosa, o verdadeiro santo do pau oco de moral e caráter igualmente inanes.

VISÃO PERIFÉRICA

POR: VINICIUS CANOVA