OS PROFESSORES BRASILEIROS PRECISAM SER MAIS RESPEITADOS !
Celebra-se a quinze de outubro no Brasil o Dia do Professor, pois foi nessa data, no ano de 1827, que o imperador D. Pedro I assinou a Lei Nacional, aprovada pelo Legislativo, que instituiu no país a instrução primária (ou das primeiras letras, como então se denominava), pública e gratuita, em todas as províncias do Império. Assim, no saudaremos nessa data o compromisso profissional dos professores que, apesar das condições muitas vezes precárias, dos recursos limitados e da remuneração inadequada, ajudam a Nação a ir em frente. E reitere-se, infelizmente, as reverências não virão acompanhadas de medidas que redimirão nossas autoridades do crime que estão cometendo contra a população brasileira ao relegarem a educação como última das prioridades.
Nesta trilha, cite-se parte de editorial publicado pelo jornal “Correio Popular” de Campinas: -“Na educação, um setor altamente sensível, as carências são enormes. Mesmo com o reconhecimento da importância fundamental do acesso universal a um padrão de ensino de qualidade, os progressos são poucos e os investimentos mínimos, em evidente inversão de prioridades orçamentárias. Os professores vivem situação de penúria pelos baixos salários e poucas oportunidades de qualificação, os currículos são frequentemente aviltados, não é incomum alunos que avançam nas séries básicas sem serem alfabetizados, a violência toma conta dos vácuos deixados pelo sistema” ( 11/10/2009).
Diante de todos esses aspectos e percalços, o Movimento Todos pela Educação lançou há alguns anos uma campanha de valorização dos professores, iniciativa que precisa contar com o apoio da sociedade. O objetivo, como resume o slogan “Um bom professor, um bom começo”, era justamente reforçar a importância dos educadores e pressionar por melhorias que favoreçam tanto quem ensina quanto quem está em fase de aprendizado. Um dos méritos do projeto foi o de chamar a atenção para o aspecto de que um profissional bem formado e atualizado é o que tem mais chance de se realizar na atividade e de cumprir bem o seu papel de educar cidadãos para a vida adulta. Infelizmente o quadro não se mudou.
Na realidade, diante das condições atuais, poucos querem ingressar na carreira do magistério. Realizado anualmente, o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC) constata que o número de formandos dos cursos de Pedagogia e Normal Superior – que preparam professores para as primeiras séries da educação básica – vem caindo assustadoramente.
De acordo com trecho de editorial publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, “essa situação se vislumbra porque, ao contrário do que ocorria há quatro ou cinco décadas, quando o professor dos antigos cursos de 1º e 2º graus gozava de enorme prestígio social, as novas gerações não se sentem atraídas pelo magistério público. Por causa do aviltamento dos salários, mas em grande parte também por causa das péssimas condições de trabalho – especialmente nas escolas públicas situadas em bairros pobres e nas periferias das grandes cidades – e da subseqüente desvalorização da carreira, os jovens de hoje estão optando por cursos que proporcionam, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, carreiras com salários mais altos e trabalho mais gratificante” (“A desvalorização do magistério” – 04/02/2011- p. 3)
Estamos diante de um insólito quadro. O professor só poderá desempenhar suas funções com resultados positivos, se lhe propiciarem condições adequadas de trabalho e remuneração. Enquanto isso, o que ele precisa, no mínimo, é de respeito, o que se lhe tem negado com veemência em nosso país.
A título de homenagem invocamos a poetisa Cora Coralina, extraindo parte de um de seus poemas: “Professor, sois o sol da terra e a luz do mundo / Sem ti tudo seria baço e a terra escura./ Professor, faze de tua cadeira a cátedra de um mestre./ Se souberes elevar teu magistério, ele te elevará à magnificência./ Tu és um jovem, sê, com o tempo e competência um excelente mestre” (“O Professor” - poema extraído do livro “Vintém de cobre, meias confissões de Aninha”- Ed. da Universidade Federal de Goiás)
NOBRE MISSÃO
“A minha função de professor, como sempre entendi, é a de construir, junto com os estudantes, conhecimento a partir de informações. Assim, penso o professor como parte de um coletivo que trabalha de forma articulada na construção de um conhecimento que contribua para colocar os estudantes em sintonia com as necessidades de seu tempo, com as exigências da sociedade em que ele se insere, enfim, colaborar na formação do cidadão bem sucedido e útil para a sociedade” (Cláudio Jorge, professor da PUC-Campinas e do Anglo - 15/10/2009- A3- Correio Popular).
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)