PF encontra elo entre parlamentares e Banco Master
247 - A apuração sobre o esquema de fraudes envolvendo o Banco Master entrou em uma nova fase e poderá alcançar nomes do Poder Legislativo. Documentos apreendidos pela Polícia Federal indicam possíveis vínculos de parlamentares com as operações investigadas. De acordo com o Correio Braziliense, o material encontrado poderá levar o inquérito à Procuradoria-Geral da República (PGR), com futuras diligências submetidas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF analisa elementos que surgiram durante buscas e apreensões realizadas no âmbito da Operação Compliance Zero, voltada à investigação da negociação de carteiras de crédito inexistentes. Caso sejam confirmados indícios do envolvimento de agentes com prerrogativa de foro, o avanço das apurações dependerá de autorização do STF.
O depoimento do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa, inicialmente marcado para a tarde de segunda-feira (1º), foi adiado sem explicação pública. Ele deveria detalhar como o banco estatal se envolveu na compra de títulos considerados falsos ligados ao Master. Seu advogado, Cleber Lopes, havia destacado que a oitiva teria “importância muito grande” para esclarecer os fatos. Segundo o defensor, Costa está “convencido de que prestará todos os esclarecimentos necessários” e mantém confiança de que não praticou qualquer irregularidade.
Enquanto o depoimento não é retomado, o BRB passa por reorganização interna. O novo presidente, Nelson Antônio de Souza, e o diretor de Finanças e Controladoria, Celso Eloi Cavalhero, já iniciaram suas funções. Souza teve o nome aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e recebeu aval do Banco Central antes de tomar posse em cerimônia conduzida pelo presidente do Conselho de Administração, Marcelo Talarico. Um ato simbólico no Palácio do Buriti, com a presença do governador Ibaneis Rocha, reforçou o apoio institucional ao novo comando.
A instituição informou que a composição do Conselho de Administração e da diretoria será divulgada previamente ao mercado, antes das etapas formais de aprovação. Os novos nomes ainda passarão pelo Comitê de Elegibilidade, pelo Conselho de Administração e, posteriormente, pelo Banco Central.
No universo dos patrocínios, o BRB declarou que todos os contratos esportivos vigentes seguem mantidos por força legal. Uma auditoria interna foi aberta para reavaliar a política de patrocínios e revisar práticas de Compliance, Riscos e Governança.
A Operação Compliance Zero, deflagrada em 18 de novembro, apura um esquema de comercialização de carteiras de crédito inexistentes. O então presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, chegou a ser preso no aeroporto de Guarulhos enquanto tentava embarcar para o exterior. Solto dias depois por decisão da desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ele permanece monitorado por tornozeleira eletrônica.
As investigações atingiram o BRB após a constatação de que o banco público havia adquirido R$ 12,2 bilhões em títulos considerados “fantasmas” pelo Banco Central, que classificou a operação como “temerária”. A compra das carteiras foi realizada dois meses após o BC barrar a aquisição do controle acionário do Banco Master pelo BRB, uma transação estimada em cerca de R$ 2 bilhões. O órgão regulador apontou riscos à saúde financeira da instituição brasiliense e comunicou indícios de crimes ao Ministério Público Federal.
Diante das suspeitas, a Justiça Federal afastou por 60 dias o então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor Dario Oswaldo Garcia Júnior. Ambos acabaram demitidos pelo governador Ibaneis Rocha.
Em nota, o BRB afirmou estar finalizando a contratação de um escritório jurídico e de um assessor técnico para conduzir a investigação forense sobre as operações com o Master. A auditoria prevê análise de evidências, exame maciço de dados e revisão dos procedimentos internos. Do total de R$ 12,76 bilhões em carteiras com documentação inadequada, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos, informou o banco. O restante, segundo a instituição, não está diretamente ligado ao Master. Todas as substituições de carteiras e garantias, acrescentou o BRB, foram reportadas ao Banco Central.
A instituição reiterou que é credora na liquidação extrajudicial do Banco Master e que suas carteiras atuais seguem dentro dos padrões exigidos, ressaltando que permanece sólida e colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação.