Políticos de Rondônia provam que a divisão antropológica de Bezerra da Silva está equivocada: é possível ser malandro e mané ao mesmo tempo!
Porto Velho, RO – Eu sou fã de Bezerra da Silva, o músico, poeta do gueto; entretanto, reservo algumas ressalvas em relação às suas caracterizações e divisões antropológicas.
Quando entoava “malandro é malandro, mané é mané”, da Silva ignorava, talvez por licença poética, o potencial heteróclito de figuras políticas brasileiras – principalmente em ano de eleição.
Aqui em Rondônia é possível perceber clara homogeneidade entre os adjetivos quando voltados a perdulários do colarinho branco; nosso criadouro perpétuo e não reciclável da politicagem está aberto a ladainhas e chororôs, agora mais do que nunca.
O ápice do ardor da Lava Jato já passou, é inegável. A operação chegou naquele momento ímpar em que agentes públicos e investigados se juntam às instituições para colocá-la contra a parede, conforme havia preconizado o senador Romero Jucá (MDB-RR). É o estancamento da sangria.
Até a Grande de Mídia, que há pouco colocava qualquer diligência da maior incursão contra a corrupção num patamar de intocável e irretocável, agora a questiona inclusive em editoriais – e a opinião dos gigantescos conglomerados da informação é visceral em 2018.
Muitos dos que estão no jogo são malandros e manés ao mesmíssimo tempo, mas não bobos nem inocentes. Por outro lado, como diz o adágio, o mal do malandro é achar que só a mãe dele fez filho esperto.
Condenados em segunda instância percorrem o Estado jurando a seus fieis eleitores que são candidatos; prometem mundos e fundos, discorrem sobre pretensa incúria do Poder Judiciário e também acerca do afã de adversários em tirá-los do tabuleiro.
Se criam à base das mentiras que, outrora, seriam incontestáveis. Só um pleito atípico onde a lei seja aplicada a todos – sem exceção – poderia resgatar a confiança da população. É possível que seja, sim, este ano.
Porém, como não sou otimista, mas sim um preguiçoso como caracteriza Mário Sergio Cortella os que enxergam o copo meio vazio, guardo outro ensinamento de Bezerra que, desta vez, concordo cem por cento.
“Para tirar meu Brasil desta baderna, só quando o morcego doar sangue e o saci cruzar a perna”.
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VISÃO PERIFÉRICA
POR: VINICIUS CANOVA