Professor de medicina é acusado de racismo por se fantasiar de “Negão do WhatsApp” durante aula na Ufac

O médico do Pronto Socorro de Rio Branco e professor de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), Giovanni Casseb, mais uma vez chamou a atenção com suas fantasias usadas durante aulas na unidade de ensino pública. Desta vez, Casseb se fantasiou de “Negão da WhatsApp” para participar de uma aula da saudade da turma de medicina.
A fantasia do professor da Ufac desta vez não arrancou apenas gargalhadas dos seus seguidores nas redes sociais, ativistas dos direitos humanos e muitos internautas criticaram a atitude de Casseb, e chegaram a classificar a ação do docente como preconceituosa e racista.
Uma página do Facebook chamada Periferia Antifascista, que monitora atitudes consideras racistas na internet, divulgou nota de repúdio a Giovanni e afirmou que o professor “cometeu ato de racismo na aula da saudade se fantasiando de negão do WhatsApp”.
“Homens brancos fazendo blackface e com pênis enormes, personificando o estereótipo racista de que homens negros são “bem dotados”, ou melhor, reduzindo seres humanos a seus órgãos genitais. Além de ser ofensivo por ser blackface desumaniza o homem negro o animalizando”, diz trecho da nota.
A nota diz, ainda, que o Brasil é o país da violência e escárnio por causa de atitudes racistas que legitimam a violência.
“Utilizam pessoas negras como escárnio, para serem ridicularizadas, ao mesmo tempo em que legitimam violência. O Brasil é o país da violência e do escárnio. No carnaval, humilham se “fantasiando” de negro e no resto do ano contribuem para a marginalização. Pau grande, mas de cabeça baixa, de preferência no chão. É assim que nos querem. Mas o que comove alguns portais são pretos dizendo que mulheres brancas não podem usar turbantes”, diz a nota.
O acadêmico do Curso se Saúde Coletiva da Ufac, Giovanny kley Silva Trindade, exigiu uma posição pública do Diretório Central dos Estudantes da Ufac sobre o caso.
“Solicito uma posição pública do Diretório Central dos Estudantes da Ufac sobre a prática racista do professor do curso de Medicina no que tange a utilização de uma fantasia de um negro com apresentando um “esteriótipo” vinculando a imagem do negao, assim por um humor sem graça reafirmar a reduzir do negro apenas ao fator sexo, desta forma objetificando o negro a um órgão sexual, tendo manutenção da tentativa de ridicularização e minimização dos negros. A prática tendo classificação em nossa legislação como racismo, desta forma solicitamos para além de uma nota de repúdio de nossa entidade representativa uma ação pública”, escreveu o aluno.
A jovem Cibelli Almeida saiu em defesa do professor e afirmou acreditar que Casseb não teve a intenção de ser racista ao se fantasiar de “Negão do WhasApp”.
“O médico e professor Giovanni é sem dúvidas o melhor profissional que conheço. Acredito que jamais ele teria a intenção de ferir, magoar, ofender, denegrir outra pessoa. Fiquei triste em ler os comentários contra uma pessoa que salva vidas”, disse.
A reportagem da Folha do Acre entrou em contato com o professor que explicou que tudo não passou de uma brincadeira e que não teve a intenção de ofender os negros.
“Acredito que há um exagero. O tema foi escolhido por conta de uma brincadeira que rolou no grupo de WhatsApp do internato desta turma de alunos onde eles enviaram vários arquivos que quando abriam era o Negão do WhatsApp e sempre pegavam “os desprevenidos”, até eu mesmo cai várias vezes na pegadinha, assim como em outros grupos acontece já que esse e o gemidão do WhatsApp foram os temas mais comentados no ano, e inclusive foi a fantasia mais premiada no Halloween deste ano, disse Casseb.