Separando legal do imoral com ilustrações didáticas para crianças: estrelando Michel Temer e João Cahúlla
Porto Velho, RO – Embora o Judiciário seja a bola da vez no olho do furacão da revolta popular quando o assunto é auxílio-moradia, a coisa toda começou quando a Folha de S. Paulo resolveu questionar o deputado Jair Bolsonaro (PSL) acerca do tema.
Claro, como o presidenciável ganhou de bandeja o status de inquestionável patrocinado pela patota cega, surda e muda que não admite o ídolo contra a parede, sobrou para os magistrados amargar sozinhos as consequências da guerra deflagrada.
Sobre isso, basta dizer como é cômico observar que até figuras envoltas a conceitos de divindade como o próprio Jesus Cristo, seu pai, conhecido como Deus, Buda, Maomé, Krishna, Zé Pilintra e tantas outras são passíveis de críticas sem que haja tanto chororô em troca; ou seja, o brasileiro está levando ao altar da potestade uma criatura de três décadas de vácuo universal em detrimento a outras que pelo menos conservam valores históricos, no mínimo.
Que seja!
Passamos a nos deparar, então, com a discussão sobre legal e imoral, algo que já existia, obviamente, mas escancarou-se nos últimos meses como debate amplo após o cidadão compreender que, enquanto luta e vai morrendo à míngua por um salário-mínimo paralelamente à perda de direitos, autoridades espalhadas pelos três Poderes enchem os bolsos de dinheiro de maneira completamente desproporcional e injustificável. E não são apenas os políticos, diga-se de passagem!
O grande problema em torno dessas conversas está atrelado ao discurso ambíguo do brasileiro convencional. Nacionalmente, o melhor exemplo é o tratamento dispensado às pedaladas fiscais promovidas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que culminaram com o impeachment, vocábulo estrangeiro que, neste caso específico, significa golpe no linguajar pátrio.
Ocorre que antes de Dilma cair golpeada as pedaladas foram demonizadas, alcançando nível maior de repulsa que os voltados à corrupção propriamente dita. E adivinhe só: dois dias após a destituição permanente da ex-presidente, o governo ilegítimo de Michel Temer (MDB), em conluio com a maior parte do Congresso Nacional, sancionava lei autorizando-as. O que era ilegal, imoral e inaceitável passou a ser, de um dia para o outro, concebível só porque o manobrista pôs o carro no lugar certo e ganhou gorjeta.
E AINDA
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Governo Temer negocia nova pedalada fiscal com o Congresso
Diferentemente da antecessora, Temer prospera por conta do obtuso presidencialismo de coalizão onde impera, basicamente, o toma lá dá cá entre Executivo e Legislativo.
E não há garçom melhor que o emedebista a cumprir à risca esse modelo servil de arranjo político-institucional.
Por isso comprou, com liberação de recursos exorbitantes em emendas parlamentares, deputadas e deputados que o salvaram de duas denúncias, livrando-o de responder a processos distintos no Supremo Tribunal Federal (STF) tanto por corrupção passiva quanto por organização criminosa e obstrução da Justiça. Se existe algo mais imoral que isso, embora legalmente aceitável (é o jogo, dizem!), desconheço. E mais uma vez passando com tranquilidade pelo crivo dos insurgentes de veneta.
CONFIRA
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Já Rondônia tem suas próprias tragédias.
Farras de diárias, passagens e inúmeros outros escândalos que já nos colocaram nas manchetes dos principais jornais do Brasil estão causando, também, estafa generalizada.
Uma dessas obscenidades é a pensão especial (para quem?) vitalícia concedida a nossos ex-governadores e viúvas. E já que lei é lei e é preciso respeitar o direito adquirido, nos resta confabular. O benefício não existe mais desde 2011, quando um novo dispositivo legal o revogou a tempo de tirar o doce da boca de Confúcio Moura em diante. Mas antes disso, permitiu aberrações como a inclusão do ex-governador João Aparecido Cahúlla na perpétua folha de pagamento.
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Vamos às contas. Aparecido fez 64 anos no último domingo (11). Parabéns, inclusive. A expectativa de vida do brasileiro é de quase 76. O pagamento da pensão acompanha os reajustes promovidos nos vencimentos do atual governador. Em dezembro de 2017 – último contracheque à disposição para consultas no Portal Transparência – João recebeu R$ 25.322,00 (não vamos contar centavos), o mesmo que Confúcio em termos salariais.
Se o ex-governador viver por mais 12 anos alcançando a expectativa de vida do brasileiro estipulada em 2016 e os dividendos não sofrerem mais reajustes, receberá do Estado até lá, e observe, não estou contabilizando o que já foi recebido de 2011 pra cá, mais de R$ 3,6 milhões por míseros oito meses de serviço. Seria como pagar R$ 455 mil por cada um dos oito meses trabalhados (e estou arredondando para baixo). Se Cahúlla fizer o tipo longevo e alcançar, sei lá, 80 anos, seriam mais de 4,8 milhões embolsados daqui para lá; neste panorama, pagaríamos mais de R$ 600 mil por cada um dos oito meses.
Que bom, né?
Não estou pegando Cahúlla para Cristo. Todos os ex-governador e viúvas antes dele, incluindo aí os do antigo Território, usufruem, ou usufruíram por muito tempo da mesma benesse. É o curto período na função que o coloca na condição de balbúrdia dentro do que já é avacalhado demais para suportar. Afinal, pensão especial para ex-governador é o fim da picada!
Lista com ex-governadores e viúvas que recebem pensão do Estado de Rondônia
É legal? É! Mas tão imoral que chega a tremer os dedos enquanto redijo estas linhas combalidas, e não, não estou com Parkinson.
No mesmo rol de Cahúlla estão também os ex-governadores Ivo Cassol (PP), José de Abreu Bianco (DEM), Valdir Raupp de Matos (MDB), Oswaldo Piana Filho e Humberto da Silva Guedes. E as viúvas Aida Fibiger de Oliveira, do coronel Jorge Teixeira; Palmira Jose de Souza, de Jerônimo Santana; Silvia Darwich Zacharias, de Wadih Darwich Zacarias, e ainda Vera Therezinha Reichmann Mader, de João Carlos dos Santos Mader.
A gastança mensal com essa turma, nos valores de hoje, chega a R$ 3.038.670,00 por ano. Em apenas uma década o montante deve ultrapassar a marca dos R$ 30 milhões.
E você se contorcendo todo na hora de pagar os 10% pela taxa de serviço aí no comércio...
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POR: VINICIUS CANOVA